sábado, 23 de março de 2013

ELISEU E A ESCOLA DE PROFETAS


Entender os princípios que fundamentavam a escola de profetas é de suma importância para a educação cristã do século XXI, pois através deles é possível fazer um contraste entre o ensino bíblico e o paradigma educacional emergente. O que a escola de profetas, liderada pelo profeta Eliseu, tem a nos ensinar? A escola é uma fábrica de cultura, isto é, como uma instituição que cuida da formação do homem em sociedade, e que para ela realizar essa função, deve ter em vista o cultivo do homem. Como isso acontecia no antigo Israel? Quais ensinamentos podemos extrair da escola de profetas no AT?

I – DEFINIÇÃO DE ENSINO
O discipulado é o relacionamento entre um mestre e um aluno onde o mestre reproduz no aluno o conteúdo do aprendizado, capacitando-o a treinar outros para que também ensinem novos discípulos. Nas páginas das Escrituras encontramos vários termos equivalentes ao ato de ensinar. Vejamos: Paideuõ “instruir, treinar”, Didasko “dar instrução”, Didaktos “aquilo que pode ser ensinado”, Didaké “ensino”, Didaskalia “instrução”, Didaskalós “mestre, professor”, Didaskein “ensino”, Theodidaktos “ensinado por Deus”.

II – CONCEITOS E DEFINIÇÃO DE PROFETA E PROFECIA

As Escolas de Profetas realmente existiram, mas há pouca informação sobre essas instituições. Muito do que pensamos não passa de suposições, já que as passagens bíblicas não apontam de forma direta o propósito dessas escolas. Na verdade, é muito difícil responder sobre os objetivos, conteúdo e a formação delas. Não há elementos para uma explicação detalhada. Há até teólogos que acham que “escolas de profetas” é linguagem figurada, mas não que tenha sido uma organização. Apesar disso, os textos das Sagradas Escrituras nos dão algumas informações sobre o assunto. Para uma melhor compreensão dessa lição, enumeramos alguns conceitos e definições:
 Profecia. É a revelação inspirada, sobrenatural e única da vontade de Deus. A profecia não é, necessariamente, uma previsão do futuro, e sim, a revelação do conhecimento de Deus à humanidade (Am 3.7; Jr 36.1-3; Ez 2.3-8; 3.4-11).
 Profeta. A palavra profeta deriva-se do termo hebraico nabbi que significa “falar” ou “dizer”, e do termo grego prophete, que significa “falar de antemão”. Portanto, o profeta é um mensageiro de Deus. Sua principal função é tornar conhecidas as revelações divinas e transmitir os oráculos de Deus ao povo (Êx 7.1; Nm 12.6; I Sm 3.20; Hb 1.1,2).
 Ministério Profético. A palavra ministério significa “ofício”, “cargo, “função”, etc. Nas Sagradas Escrituras esse termo é coletivo e aponta para vários oficiais e autoridades religiosas e civis, bem como denota ofícios específicos, tais como ministério cristão, ministério dos anjos, etc. Assim, podemos afirmar que o termo Ministério Profético refere-se ao ofício ou função exercida pelos profetas de Deus.

III - A ESCOLA DOS PROFETAS

As escolas de profetas eram “instituições” de ensino do AT cujo objetivo era a transmissão dos valores morais e espirituais que Deus havia entregado a Israel através de sua Palavra. Não tinham como propósito ensinar os alunos a profetizarem. A profecia é um dom divino, por isso, somente o Senhor pode ensinar os seus servos quanto ao profetizar. Todavia, um dos objetivos desta escola era passar às gerações mais jovens a herança cultural e espiritual da nação. Os estudiosos acreditam que as escolas de profetas surgiram com o profeta Samuel (1Sm 10.5,10; 19.20) “E todos os profetas desde Samuel, todos quantos depois falaram, também anunciaram estes dias” (At 3.24 cf. 13.20; Hb 11.32) e, posteriormente, consolidaram-se com os profetas Elias e Eliseu (2Rs 6. 1-2). As escolas de profetas forneciam instrução e encorajamento aos alunos a fim de que eles buscassem uma melhor compreensão da Palavra de Deus. Eliseu não era apenas um homem com dons sobrenaturais, mas também um profeta que possuía uma “missão pedagógica” (2Rs 2.15, 19-22; 4.1-7, 42-44).

IV – EXEMPLOS DE ESCOLAS DE PROFETAS

Ao que parece, como foi dito acima, as primeiras “escolas teológicas” foram organizadas pelo profeta Samuel (1Sm10.5; 19.20), e então foram mais firmemente estabelecidas pelos profetas Elias e Eliseu, no Reino do Norte ou reino de Samaria (2Rs 2.3; 4.38; 6.1). Essas escolas seguiam o modelo do ideal hebreu de relação entre o professor e o aluno. Eles viviam em comunidades e o ensinamento era bíblico e também através do exemplo pessoal. Vejamos alguns exemplos:

 Escolas de profetas de Ramá e Gibeá (1Sm 19.20; 10.5, 10);

 Escolas de profetas de Gilgal, Betel e Jericó (2Rs 4.38; 2.3,5,7,15; 4.1; 9.1);

 Cerca de 100 alunos, isto é, discípulos dos profetas acompanhavam Eliseu (2Rs 4.38, 42-44);

 Cerca de 50 desses discípulos achavam-se com Elias e Eliseu quando eles foram até ao Jordão 
(2Rs 2.7, 16-17);

 Viviam em casas comuns, na companhia dos profetas (2Rs 6.1);

 Alguns deles eram casados, e tinham suas próprias casas (2Rs 4.1);

 Há alguma indicação de que havia música e poesia envolvida no “currículo escolar” (1Sm 10.5).

V – A ESCOLA DOS PROFETAS E O ENSINO
As escolas de profetas eram centros de vida religiosa, onde se buscava a comunhão com Deus mediante a oração e meditação. É evidente que estudavam as profecias, inquirindo sobre o tempo de seu cumprimento (1 Pd 1.10-12), além de recordarem os grandes feitos de Deus no passado. Através dessas escolas, cresceu em Israel uma ordem profética reconhecida (2 Rs 2.3,5). No contexto do AT temos uma relação de homens usados por Deus para ensinar Seu povo: Samuel (1 Sm 12.23), Josafá (2 Cr 17.7-12), Esdras e Neemias (Ne 8.17), Davi (Sl 51.13 cf. Sl 25.4; 27.11) e Isaías (Is 28.10). Analisemos como
funcionava o ensino na escola dos profetas:
 Através do treinamento. O texto de 2 Reis 2.15,16, mostra que fazia parte desse treinamento trabalhar sob as ordens do líder, obtendo assim permissão para a execução de determinadas tarefas;
 Através do encorajamento. Os expositores bíblicos observam que o profeta Eliseu não limitava o seu ministério à pregação itinerante e à operação de milagres, mas agia também como um supervisor de várias escolas de profetas nos seus dias;
 Através das Escrituras. Quando fazemos um acompanhamento do ministério do profeta Elias, vemos que a Palavra de Deus fazia parte do conteúdo ensinado nas Escolas de Profetas;
 Através da sua experiência. Tanto Elias como Eliseu eram homens experientes e compartilhavam com os outros aquilo que haviam aprendido (2 Rs 2.15; 2.19-22; 4.1-7,42-44);
 Através do exemplo. Os estudiosos estão de acordo que essas Escolas de Profetas seguiam o idealismo hebreu concernente à educação. Havia uma relação entre professor e aluno na comunidade onde viviam;
 Através da Palavra. Eliseu não deixou nada escrito. O que sabemos dele é através do cronista bíblico. Mas esse fato não significa que esse profeta não usasse a Palavra de Deus em sua vida devocional e também como instrumento de instrução na Escola de Profetas.

VI – A PRÁTICA DO ENSINO NAS ESCRITURAS

Vemos diversas vezes a expressão “filhos dos profetas” do hebraico “bene ba-nabiim” aparecer nos livros de 1 e 2 Reis. Observamos pelas Escrituras que os filhos dos profetas estavam radicados em locais como Betel, Jericó e Gilgal (1Rs 20.35; 2Rs 2.3,5,7,15; 4.1,38; 6.1). O contexto dessas passagens não deixa dúvidas de que esta expressão pode ser entendida como sendo sinônimo para “Escola de Profetas”. Esse fato serve para nos mostrar que a educação religiosa ou formal já recebia destaque no Antigo Israel. Todavia a Escola de Profetas é um testemunho vivo de que o povo de Deus em um passado tão distante se preocupava em passar às gerações posteriores sua herança cultural e espiritual. Sempre pesou sobre o povo
de Deus a responsabilidade de ensinar a Palavra de Deus. Vejamos como se desenvolveu a instrução religiosa nos tempos
bíblicos:
 Nos dias de Moisés. Examinando o Pentateuco, vemos que no princípio, entre o povo de Deus, eram os próprios pais os responsáveis pelo ensino da revelação divina no lar. O lar, então, era de fato uma escola onde os filhos aprendiam a temer e amar a Deus (Dt 6.5-9; 11.18,19);
 Na época dos Reis e Sacerdotes. Os sacerdotes eram mediadores entre Deus e o homem. Além do culto divino, eles tinham o encargo do ensino da Lei (Dt 24.8; I Sm 12.23; II Cr 15.3; Jr 18.18). Já os reis de Israel, quando piedosos e tementes a Deus, tinham a preocupação com a leitura e o ensino da Palavra de Deus para a nação (II Cr 17.7-9);
 Durante o Cativeiro Babilônico. Nessa época, os judeus no exílio, privados do seu grandioso templo em Jerusalém, instituíram as sinagogas, que eram usadas como “escola bíblica”, casa de cultos e escola pública.
 No pós-cativeiro. Nos dias de Esdras e Neemias, quando o povo retornou do cativeiro, houve um grande avivamento espiritual, originado pela leitura e ensino das Escrituras, como podemos observar nos capítulos 8 e 9 do livro de Neemias;
 Durante o Ministério de Jesus. Jesus exerceu um tríplice ministério de cura, pregação e ensino da palavra de Deus (Mt 4.23; 9.35; Lc 20.1). Esse mesmo ministério tríplice foi ordenado e confiado à Igreja (Mt 28.19; Mc 16.15-18);
 Nos dias da Igreja. Após a ascensão do Senhor, os apóstolos e discípulos continuaram a ensinar. A igreja dos dias primitivos dava muita importância a esse ministério (At 5.41,42). Paulo e Barnabé, por exemplo, passaram um ano todo ensinando na igreja de Antioquia (At 11.26). Em Éfeso, Paulo ficou três anos ensinando (At 20.20,31) e em Corinto, ficou um ano e seis meses (At 18.11). Seus últimos dias em Roma foram ocupados com o ensino da Palavra de Deus (At 28.31).


Fonte : www.rbc1.com.br

domingo, 17 de março de 2013

HÁ UM MILAGRE EM SUA CASA



Então entra, e fecha a porta sobre ti, e sobre teus filhos, e deita o azeite em todas aquelas vasilhas, e põe à parte a que estiver cheia. 
2 Reis 4:4


INTRODUÇÃO
O milagre ocorrido na casa da viúva nos tempos do profeta Eliseu traz-nos lições valiosas e perfeitamente aplicáveis aos nossos dias. Veremos os dois fatores principais que motivam a realização do milagre da parte de Deus. Por ser misericordioso, o Senhor atenta para as nossas necessidades e intervém miraculosamente. Ele pode fazer isso diretamente ou através dos seus instrumentos humanos, aos quais concede poder e ousadia para a execução de grandes sinais. Mas ainda veremos que um dos cenários em que acontecem os milagres de Deus é o interior de uma casa.

I – A MOTIVAÇÃO DO MILAGRE

Podemos enfatizar pelo menos dois aspectos que acarretam na realização de um MILAGRE, de um ato especial de Deus que interrompe o curso natural dos eventos, os quais são: a necessidade humana e a misericórdia divina.
1.1 A necessidade humana: O texto de II Rs 4.1-7 nos mostra uma viúva desesperada com a possibilidade de ver o que restou de sua família se desfazer pelas mãos dos credores. Para que a sua casa fosse preservada, ela precisava de um milagre. Em todos os casos na Bíblia, os milagres foram operados, principalmente, na vida daqueles que necessitavam. Vejamos alguns exemplos:
 Sara, que era estéril, precisava de um filho, por quem a promessa messiânica teria continuidade (Gn 18.12);
 De igual modo, Rebeca e Raquel, esposas de Isaque e Jacó, também eram estéreis e necessitavam de filhos (Gn 25.21; 29.31);
 A nação de Israel só conseguiu ser liberta da terra do Egito mediante uma série de intervenções sobrenaturais da parte de Deus, que foram as dez pragas (Ex 7-10);
 Na jornada de Israel pelo deserto em direção à terra de Canaã, o povo de Deus experimentou constantes milagres durante quarenta anos, como por exemplo: a descida diária do maná (Êx 16.11-15); a presença constante da coluna de nuvem durante o dia e da coluna fogo durante a noite (Êx 13.21,22); águas amargas que se tornaram doces (Êx 15.23-25), e águas que fluíram de rochas (Êx 17.5,6).
1.2 A misericórdia divina: A palavra misericórdia, hesedh, no hebraico, aponta para uma característica no caráter de Deus e significa: “benevolência, benignidade, compaixão, bondade, fidelidade, amor e beneficência”. É dessa forma que Deus olha para os necessitados. O clamor daquela viúva sensibilizou o coração de Deus, que se moveu para ajudá-la (II Rs 4.1-7), de igual maneira foi que o clamor de Israel, depois de quatrocentos anos de escravidão, chegou até a presença de Deus que, sensibilizado, resolveu libertar o povo (Êx 3.7,8). Também sucedeu assim com Ana, que estava mui aflita por causa de sua
esterilidade e derramou as suas lágrimas no templo até que foi atendida (I Sm 1.10-18). Ninguém recebe um milagre por merecimento, senão, por misericórdia.

II – OS INSTRUMENTOS DO MILAGRE

Todos os milagres autênticos são operados por Deus, pois somente Ele é poderoso para realizá-los. Há ocasiões em que Ele interfere diretamente em determinada situação, sem a instrumentalidade humana. Por exemplo, quando Misael, Ananias e Azarias foram lançados na fornalha de fogo ardente, aquecida sete vezes mais, o “quarto homem” se lhes apresentou e retirou a força do fogo (Dn 3.19-25). Foi uma intervenção direta do próprio Deus. O que acontece, porém, é que na maioria das vezes os milagres de Deus são realizados através do instrumento humano. Observemos alguns casos na Bíblia:
 Deus fez questão de mostrar a Faraó e a todo povo de Israel que as suas maravilhas ocorreriam através das mãos de Moisés que, com uma simples vara, operaria todos os grandes sinais (Ex 4.17);
 Através de Josué, filho de Num, servidor de Moisés, Deus realizou uma das maiores intervenções de toda a história da humanidade, pois o Sol e a Lua ficaram detidos no mesmo lugar durante um espaço de quase 24 horas. A cosmologia moderna entende que para isso acontecer, é necessário que todo o universo pare de se movimentar. Lembramos, porém, que isso se deu através de um homem (Js 10.14);
 Pelas mãos de Elias, o tisbita, grandes sinais foram operados em Israel. Isso aconteceu para que todos reconhecessem que só o Senhor era Deus e que Elias era o seu profeta (I Rs 17.1,13-16,19-24; 18.30-39);
 No ministério de Eliseu não foi diferente. O nome do Senhor foi glorificado e Eliseu foi reconhecido como profeta de Deus (II Rs 2.19-22; 3.16-20; 4.1-7, 32-36, 40-44; 6.5,6);
 O próprio Jesus exemplifica bem essa realidade, pois na condição humana foi ungido pelo Espírito de Deus para realizar grandes milagres no seu ministério (Mt 4.23,24);
 Na igreja primitiva, os milagres ocorriam por mão dos discípulos: “E muito sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos...” (At 5.12). Vemos ainda outros exemplos (At 3.1-8; 5.14-16; 8.5-7; 19.11). Em todos estes casos, Deus operou o milagre para que o Seu Nome fosse glorificado e o povo o reconhecesse como único Deus verdadeiro, bem como para dar o devido respaldo espiritual àqueles a quem ele chamou para a sua obra.

III – MILAGRES NO NOVO TESTAMENTO

Quando falamos de milagres no Novo Testamento, podemos enxergá-los em duas frentes principais, a saber: no ministério de Cristo e na Igreja Primitiva. Observemos alguns destes milagres nas tabelas a seguir:

MILAGRES DE JESUS REFERÊNCIA

Cura de um leproso Mt 8.2-4
O servo do centurião romano Mt 8.5-13
A sogra de Pedro Mt 8.14,15
Cura de um paralítico Mt 9.2-7
Cura de dois cegos Mt 9.27-31
O homem da mão mirrada Mt 12.10-13
A filha da mulher Cananéia Mt 15.21-28
Um surdo-mudo Mc 7.31-37
Um cego de Betsaida Mc 8.22-26
Dez leprosos Lc 17.11-19
O paralítico do tanque de Betesda Jo 5.1-9
Um cego de nascença Jo 9.1-7
MILAGRES NA IGREJA PRIMITIVA REFERÊNCIA
O coxo que foi curado At 3.6-9
A restauração da vista de Saulo At 9.17,18
A cura de Enéias At 9.33-35
A ressurreição de Dorcas At 9.36-41
A cura de outro coxo At 14.8-10
A ressurreição de Êutico At 20.9,10
Picada de uma víbora não tem nenhum efeito At 28.3-5
A cura do pai de Públio At 28.7-9

IV – HÁ UM MILAGRE EM SUA CASA

Observamos nas páginas das Sagradas Escrituras, o interesse do Senhor em realizar milagres nas casas ou nos lares das pessoas. Isso demonstra o seu interesse pelo bem-estar da família, que é uma instituição estabelecida por Deus aqui na terra. Temos alguns relatos tanto no Antigo quanto no Novo Testamento de intervenções sobrenaturais nos lares:
 Deus prometeu um milagre a Abrão e Sara quando estes estavam em sua casa (Gn 15.1-6; 18.1-10). Deus ainda fala e se revela dentro dos lares;
 No ministério de Elias, Deus operou o milagre da provisão material na casa da viúva de Sarepta e também com a ressurreição de seu filho (I Rs 17.8-24). Deus ainda provê o necessário e também vivifica os lares dos seus;
 O mesmo aconteceu no ministério de Eliseu. Uma viúva experimentou a provisão divina (II Rs 4.1-7), e uma mulher foi beneficiada com a cura de sua esterilidade e a ressurreição de seu filho (II Rs 4.8-37);
 Jesus enviou a sua Palavra e curou o servo de um centurião, que sofria de paralisia e de opressão maligna (Mt 8.5-13). O Senhor ainda repreende males físicos e espirituais que estejam assolando os lares dos crentes;
 Jesus curou a sogra de Pedro (Mt 8.14.17). O Senhor pode levantar algum membro da família que porventura esteja prostrado no leito da dor;
 Jesus libertou o endemoninhado gadareno e ordenou que ele voltasse para a sua casa (Lc 8.26-39). O Senhor quer entrar com libertação nos lares e restituir o parente que, porventura, tenha ido embora;
 Jesus entrou com salvação na casa de Zaqueu (Lc 19.1-10). O Senhor quer salvar todos os membros da família (At 16.31);
 Jesus entrou na casa de Jairo e ressuscitou a sua filha (Mt 9.23-26). O apóstolo Pedro fez uma visita a uma casa em que Dorcas estava morta, e o Senhor a ressuscitou (At 9.36-46). Talvez numa visita ministerial esteja a solução para a crise no lar.
CONCLUSÃO
Os milagres são uma realidade bíblica. Nós os vemos no Antigo e Novo Testamentos. Deus, pela sua infinita graça e misericórdia, nos beneficia com os seus feitos miraculosos. Isso Ele o faz com o objetivo de ser glorificado e reconhecido como único Senhor e Deus. Além disso, os instrumentos humanos utilizados para a realização do milagre também são reconhecidos como verdadeiros servos do Senhor. Foi assim com Moisés, Elias, Samuel, Eliseu, Jesus e os apóstolos. Em muitas ocasiões, o Deus dos milagres, utilizou-se de seus servos para operar o sobrenatural dentro de muitas casas. Assim como foi nos tempos
bíblicos, certamente será na sua casa, na sua família. Creia!

Fonte : www.rbc1.com.br

OS MILAGRES DE ELISEU




Ora o rei falava a Geazi, servo do homem de Deus, dizendo: Conta-me, peço-te, todas as grandes obras que Eliseu tem feito. 
2 Reis 8:4


INTRODUÇÃO
Os poderosos milagres do Senhor através do profeta Eliseu (2 Rs 2.21,22; 4.36,37; 4.43; 5.14; 6.6; 7.1), mostram que Deus controla não apenas os grandes exércitos, mas também os acontecimentos da vida cotidiana. Quando ouvimos e obedecemos a Deus, Ele nos mostra seu poder de transformar qualquer situação. O cuidado de Deus é para todos aqueles que estão dispostos a segui-lo. O Senhor tem todo o poder para realizar milagres em nossa vida (Gn 5.24; Êx 3.2; Nm 22.28;Js 3.16; At 3.1).

I – A PORÇÃO DOBRADA DO ESPÍRITO

Antes de ser levado aos céus, Elias perguntou a Eliseu o que ele desejava receber para exercer o seu ministério. Eliseu então sabiamente lhe respondeu: “Peço-te que haja porção dobrada de teu espírito sobre mim” (II Rs 2.9-b). Segundo Donald C. Stamps, comentarista da Bíblia Pentecostal, o termo “porção dobrada” não significa terminantemente o dobro do poder espiritual de Elias; refere-se antes, ao relacionamento entre pai e filho, em que o filho primogênito recebia o dobro da herança que os demais (Dt 21.17). Eliseu estava pedindo que seu pai espiritual lhe conferisse uma medida abundante do seu espírito
profético, para, deste modo, ele executar a missão de Elias. É um fato curioso que o número de milagres que Deus operara por intermédio de Eliseu foi o dobro do que realizara através de Elias. Vejamos isso no quadro abaixo:

MILAGRES DE ELIAS REFERÊNCIA

Profetizou que não choveria por três anos e meio e não choveu I Rs 17.1 / Tg 5.17
Disse que a farinha e o azeite da viúva se multiplicariam I Rs 17.14-15
Orou para que o filho da viúva ressuscitasse e ele reviveu I Rs 17.21-22
Orou para que caísse fogo do céu sobre o altar e assim aconteceu I Rs 17.37-38
Pediu que caísse fogo do céu sobre os soldados e eles foram consumidos II Rs 1.9-12
Feriu com a capa as águas do Jordão e ele se abriu II Rs 1.8

MILAGRES DE ELISEU REFERÊNCIA

O rio Jordão é separado II Rs 2.14
As águas perto de Jericó são saradas II Rs 2.19
As ursas devoram os rapazinhos por ordem de Eliseu II Rs 2.23-24
Vinte pães satisfazem cem homens II Rs 4.42-44
O azeite da viúva é multiplicado II Rs 4.1
O filho da sunamita é ressuscitado II Rs 4.31
A comida envenenada é purificada II Rs 4.38
Naamã é curado da lepra II Rs 5.1
Geazi é punido com a lepra de Naamã II Rs 5.20-27
O machado flutua II Rs 6.1
Soldados inimigos cegados II Rs 6.18
Um homem ressuscitado quanto tocou nos ossos do profeta II Rs 13.20-21

II – TRÊS PROPÓSITOS DOS MILAGRES

 Glorificar a Deus. Os milagres narrados nas Escrituras, tanto no Antigo como em o Novo Testamento, objetivam a glória de Deus. Em nenhum momento encontramos os profetas e apóstolos, buscando chamar a atenção para si (II Rs 5.15,16; Dn 2.27,28; At 3.8,12; 14.14,15);
 Dar uma resposta a necessidade humana. Todos os textos narrando os milagres realizados através de Eliseu deixam bem claro que os mesmos ocorreram em resposta a uma necessidade humana e também em resposta ao sofrimento humano (2 Rs 4. 1-7; 4. 8-38; 5.1-19; 6.1-7);
 Propiciar evidências para que haja fé em Deus. Os milagres operados pelo profeta Eliseu são uma clara
demonstração do poder de Deus. Todos eles tiveram como propósito especifico despertar a fé no único Deus Verdadeiro, que demonstra a sua graça e glória nas mais diferentes situações na vida, como o general Naamã que recebeu uma cura divina (2 Rs 5.1-19).

III - A CONTEMPORANEIDADE DOS MILAGRES

Há os que defendem a teoria de que os milagres eram restritos à era apostólica e afirmam que os sinais sobrenaturais e os dons do Espírito Santo, foram enviados com o propósito exclusivo de confirmar a divindade de Jesus, e autenticar os primeiros pregadores do Evangelho e sua mensagem. Argumentam também que a necessidade de tais manifestações sobrenaturais cessaram depois de completado o Novo Testamento, porém a Bíblia nos mostra que os milagres de Deus são necessários ainda hoje, porque confirmam a pregação do evangelho (Mc 16.20). Jesus fez uma excelente promessa dizendo: “E
estes sinais seguirão aos que crerem” (Mc 16.17). Logo, a manifestação de sinais ficou restrita a era dos apóstolos, pois a fé é a principal condição para que estes sinais ocorram (Mt 21.22; Jo 11.40). É necessário destacar também que dentre as insondáveis riquezas espirituais que Deus coloca à disposição da sua Igreja na terra, destacam-se os dons sobrenaturais do Espírito Santo, entre os quais estão os dons de poder (I Co 12.7-11). Como o próprio nome já diz, são dons que transmitem poder, através de operações sobrenaturais. É o poder de Deus concedido ao crente para ele realizar maravilhas:
 O Dom da Fé (I Co 12.9). Esse Dom opera frequentemente em conjunto com os dons de curas e operação de maravilhas. Não se trata da fé natural nem da fé para a salvação, mas uma Fé sobrenatural capacitando o crente a crer em Deus, para a realização de milagres extraordinários como a cura de doenças incuráveis, ressurreição de mortos ou a realização de coisas impossíveis pelos meios naturais. O Dom da Fé é a capacitação sobrenatural do crente para crer no impossível (Gn 22.5; Mt 8.1-3; Mc 1.22-24; Lc 17.6; Hb 11);
 Os Dons de Curar (I Co 12.9). Os dons de curar são dados à Igreja para, por meios divinos, proporcionar a restauração da saúde do corpo físico. A palavra “dons” no plural pode sugerir a multiplicidade desses dons, bem como a cura de diferentes tipos de enfermidades, de acordo com o Dom que se recebe (Mt 4.23-25; 10.1; At 3.6-8; 4.30; 19.11,12; 28.7,8). Os dons de curar não são concedidos a todos os membros do corpo de Cristo (I Co 12.11,30), todavia, todos podem orar pelos enfermos, na autoridade do nome de Jesus (Mc 16.17,18), e havendo fé, os enfermos serão curados. Pode haver também cura de enfermidades através da unção com óleo, conforme ensinou o apóstolo Tiago (Tg 5.14-16);
 Dom de Operação de Maravilhas (I Co 12.10). Esse Dom manifesta-se como os demais, de maneira sobrenatural, geralmente sendo uma intervenção divina nas leis da natureza. É Deus modificando as leis naturais para manifestar o seu supremo poder (Js 10.12-14; At 9.36-42; 20.9-12). Sempre que o Dom de Operação de Maravilhas se manifesta, os resultados são imediatos e visíveis (At 2.43; 8.5-8,13; 19.11).

IV - COMO RECEBER O MILAGRE DE DEUS

Podemos destacar o personagem bíblico Naamã, como alguém que tomou as atitudes certas para receber o milagre de Deus. Vejamos quais foram:
 Naamã creu. Ao ouvir por sua esposa o que havia sido dito por uma menina que estava em sua casa, de que havia um profeta em Samaria que poderia conduzi-lo a cura de sua lepra ele creu: “Então foi Naamã e notificou ao seu senhor, dizendo: Assim e assim falou a menina que é da terra de Israel” (II Rs 5.4);
 Naamã buscou ao Senhor. A Bíblia diz que Naamã residia na Síria e o profeta estava em Samaria. No entanto, motivado pela fé, ele foi em busca do homem de Deus a fim de receber o favor divino: “Veio, pois, Naamã com os seus cavalos, e com o seu carro, e parou à porta da casa de Eliseu” (II Rs 5.9);
 Naamã se humilhou. A princípio, o general sírio, não gostou da forma como o homem de Deus lhe tratou e do que recomendara fazer para que fosse curado. Por ser uma autoridade esperava um tratamento diferenciado segundo seus próprios conceitos (II Rs 5.10-12). Porém ao ser aconselhado servos que foram com ele a casa do profeta Eliseu, ele resolveu deixar o seu ego de lado e se submeter a direção divina dita pelo profeta: “Então desceu, e mergulhou no Jordão sete vezes, conforme a palavra do homem de Deus” (II Rs 5.14-a);
 Naamã perseverou. O texto bíblico nos informa que além do profeta anunciar o lugar onde o general haveria de mergulhar, diz também quantas vezes era necessário. Isto exigia de Naamã agir com perseverança: “Então desceu, e mergulhou no Jordão sete vezes, conforme a palavra do homem de Deus; e a sua carne tornou-se como a carne de um menino, e ficou purificado” (II Rs 5.14).

CONCLUSÃO

Os milagres são operações de caráter divino, fazendo intervenções na esfera física podendo ser vistos na cura de doentes, na multiplicação de víveres, na intervenção sobre os elementos da natureza e até na ressurreição de mortos. Mas os milagres ainda seguem um padrão: eles seguem os que creem, conforme (Mc 16.17). Esperar milagres da parte do Senhor é importante, mas não é a essência da vida cristã; e a presença constante de milagres não garante necessariamente a fé e a fidelidade das pessoas. Devemos aprender que precisamos ter comunhão com o Senhor Deus, independente de que Ele realize milagres ou não.

Fonte : www.rbc1.com

domingo, 3 de março de 2013

ELIAS NO MONTE DA TRANSFIGURAÇÃO




" E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. " 
Mateus 17:2-3


INTRODUÇÃO

O mistério da Transfiguração é, dentre todos apresentados pela Sagrada Escritura, o que traduz de maneira mais sublime e profunda, toda a teologia da divinização do homem Jesus, pois no monte, sua glória interna tornou-se visível externamente. O mistério da Transfiguração tem uma íntima ligação com o mistério Pascal (sacrifício). Poderíamos dizer que a Transfiguração é a “ponte”, que liga ou, que introduz ao Calvário e finalmente à Ressurreição. O Cristo que contemplamos na Transfiguração é o mesmo que contemplaremos em sua glória na eternidade.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA TRANSFIGURAR

A palavra Transfigurar, que traduz o termo “metamorfose” mantém o sentido de mudança de aparência, ou forma. A palavra “morphe” significa “forma” e o termo “meta” diz respeito a “mudança”, mas não mudança de essência (Mt 17.2; Mc 9.2; Rm 12.2). Entendemos que a Transfiguração foi uma experiência de origem divina, uma revelação dada aos apóstolos sobre a glória do Reino futuro no qual, Jesus é Rei. Ele foi metamorfoseado quando “transformou-se” no monte mudando sua APARÊNCIA física e não a sua ESSÊNCIA divina. A palavra traduzida em português como “transfigurado” corresponde ao vocábulo grego “metamorphoõ” que significa também “transformar”, “mudar em outra forma”,
“transfigurar”.

II – LOCALIZAÇÃO DO MONTE DA TRANSFIGURAÇÃO

A transfiguração é registrada em cada um dos evangelhos sinóticos (Mt 17.1-9, Mc 9.2-10, Lc 9.28-36) e também em (2 Pe 1.16-21). O local deste evento é “um alto monte” (Mt 17.1; Mc 9.2). A associação com uma montanha também é encontrada em (Lc 9.28; 2 Pe 1.18). Várias localizações geográficas têm sido sugeridas: Monte Hermon, Monte Carmelo, e olocal tradicional do Monte Tabor. Os escritores bíblicos, aparentemente, não estavam interessados em localizar exatamente onde este evento aconteceu, mas sim, registrar o que ocorreu.

III – O SIGNIFICADO DO MONTE DA TRANSFIGURAÇÃO

Durante toda a Sua vida, Jesus estava sob aquele véu (seu corpo). Apenas uma única vez em Sua vida aquele véu foi “aberto” e a Sua glória brilhou por meio da Sua carne humana, e essa vez foi no monte da transfiguração. Foi apenas por um período curto de tempo e, então, aquele véu caiu sobre Ele novamente até que foi rasgado na cruz do Calvário. Jesus é"o resplendor da glória" de Deus e "a expressão exata do seu Ser" (Hb 1.3). Ele reflete perfeitamente a natureza e o caráter de Deus. Quando olhamos para Jesus, podemos ver "a glória do Senhor" (2 Co 3.18; 4.6).Vejamos:

 Só podemos compreender a transfiguração de Jesus a partir da Sua encarnação:  “O Verbo se fez carne e habitou(tabernaculou-se) entre os homens, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14). Quando o Filho de Deus veio a estemundo, Ele tomou sobre Si a carne humana e essa carne serviu como um véu sobre Ele. Por esta razão, enquantoestava na Terra, quando os homens olhavam para Ele, viam apenas um Homem. Não viam a glória do Filho de Deus porque Ele estava coberto pelo véu. “pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne”. (Hb 10.20).
 Simbolicamente, o aparecimento de Moisés e Elias representava a Lei e os Profetas:  Entretanto, a voz de Deus docéu - "Ouçam a Ele!" - mostrou claramente que a Lei e os Profetas deviam dar lugar a Jesus. "E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos." (Lc 24.44). Aquele que é o novo e vivo caminho está substituindo o antigo; Ele é o cumprimento da Lei e das inúmeras profecias no AT. Além disso, em Sua forma glorificada eles tiveram uma breve visualização da Sua glorificação e entronização vindoura como Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap 19.16).
 João escreveu em seu evangelho: "Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade.” Pedro também escreveu: “De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, [...] Ele recebeu honra e glória da parte de Deus Pai, quando da suprema glória lhe foi dirigida [...]. Nós mesmos ouvimos essa voz vinda do céu, quando estávamos com ele no monte santo" (2 Pe1.16-18).

IV – O MONTE DA TRANSFIGURAÇÃO E OS ERROS DOUTRINÁRIOS

Essa passagem tem gerado muitas interpretações errôneas que tentam apoiar doutrinas sobre reencarnação e manifestação dos mortos se comunicando com os vivos. A Escritura, contudo, não se contradiz. Ela condena doutrinas que apoiam a invocação de mortos e a necromancia. A presença de Elias e Moisés na transfiguração significa que Jesus estava apoiado pela Lei (Moisés) e pelos profetas representado por Elias (II Rs 2.1-11). Há ainda alguns intérpretes que veem nesse acontecimento da Transfiguração, Moisés representando os que passaram pela experiência da morte, já que ele morreu (Dt 34.5) e Elias como a figura dos redimidos que serão arrebatados sem ver a morte (1Ts 4.16-17).

V - OS PROPÓSITOS DA VISÃO NO MONTE DA TRANSFIGURAÇÃO

Um dos principais motivos da visão no monte da transfiguração é o de demonstrar que a Lei de Moisés (Pentateuco) e todos os profetas (Os demais livros) do AT tiveram seu real cumprimento na pessoa magnífica do Senhor Jesus Cristo (Lc 24.44). Importante também notar que a visão teve o propósito de fortalecer a fé dos apóstolos, pois estes estavam prestes a ver o Senhor ser crucificado e morto. Eles deveriam entender que antes da sua ressurreição, era necessário o sofrimento e a morte do Cordeiro de Deus, a fim de que os pecados deles e os nossos fossem expiados pela morte do Justo. Evidência disto
são as palavras que o Senhor Jesus lhes dirigiu imediatamente após a visão: "E, descendo eles do monte, ordenou-lhes Jesus: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do Homem ressuscite dentre os mortos" (Mt 17.9).

VI – MOISÉS, ELIAS, O MESSIAS E A TRANSFIGURAÇÃO

O texto sagrado relata que tão logo subiram ao Monte, Jesus foi “transfigurado diante deles; o seu rosto
resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz”. (Mt 17.2). Como já foi dito, a palavra transfigurar, mantém o sentido de mudança de aparência ou forma, mas não mudança de essência. A transfiguração não transformou Jesus em Deus, mas mostrou aos discípulos aquilo que ele fora o tempo todo: “o verbo encarnado” (Jo 1.1; 17.1-5). Os discípulos observaram que “o seu rosto brilhou como o sol” (Mt 17.2). O texto revela também que “suas vestes resplandeceram” (Mt 17.2). Esses fatos põem em evidência a identidade do Messias, o Filho de Deus. Mateus detalha que durante a transfiguração “uma nuvem luminosa os envolveu” (Mt 17.5). O fato de que Mateus escreveu o seu evangelho para judeus, põe em evidência o fato de que Jesus é o Messias anunciado e isso pode ser visto na
manifestação da nuvem luminosa. No AT essa nuvem recebe o nome de “shekiná”, e relacionada com a manifestação da presença de Deus (Êx 14.19-20; 24.15-17; 1 Rs 8.10, 11; Ez 1.4; 10.4). Tanto Moisés como Elias, quando estiveram no Sinai, presenciaram a manifestação dessa glória. Todavia não como agora os discípulos estavam vivenciando (Êx 19; 24; 1 Rs 19). Vejamos simbolicamente algumas curiosidades sobre este acontecimento:

6.1 Moisés e a tipologia bíblica: No evento da transfiguração observamos que o texto destaca os nomes de Moisés e Elias (Mt 17.3). É perceptível nessa passagem que Moisés aparece como uma figura tipológica. De fato, Mateus procura mostrarisso quando põe em evidência o próprio Deus falando aqui: “A Ele ouvi” (Mt 17.5). Moisés pronunciou exatamente estas palavras quando se referia ao Profeta que viria depois dele: “O Senhor, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás” (Dt 18.15). A transfiguração revela que Moisés tem seu tipo revelado em Jesus de Nazaré e que toda a Lei apontava para Ele.
6.2 Elias e a tipologia bíblica: Elias aparece em um contexto escatológico. O texto de Malaquias 4.5-6 apresenta Elias como o precursor do Messias vindouro. O NT aplica a João, o Batista, o cumprimento dessa Escritura: “E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado” (Lc 1.17; Mt 11.14). Assim como Elias, João foi um profeta de confronto (Mt 3.7); um profeta ousado (Lc 3. 1-14) e um profeta rejeitado (Mt 11.18). A presença do Batista, o Elias que
havia de vir, era uma clara demonstração da messianidade de Jesus.

VII – ELIAS E O MESSIAS

Tanto os rabinos como o povo comum sabiam que antes do advento do Messias, Elias apareceria (Ml 4.5,6; Mt 17.10; 16.14). O relato de Mateus sugere que os escribas não reconheceram a Jesus como o Messias porque faltava um sinal que para eles era determinante — o aparecimento de Elias antes da manifestação do Messias (Mt 17.10). Como Jesus poderia ser o Messias se Elias ainda não viera? Jesus revela então que nenhum evento no programa profético deixara de ter o
seu cumprimento. Eis os detalhes proféticos cumpridos:
(a) Elias já viera e os fatos demonstravam isso (Mt 11.13,14). Elias havia sido um profeta do deserto, João também o foi;
(b) Elias pregou em um período de transição; João prega na transição entre as duas Alianças;
(c) Elias confrontou reis (1 Rs 17.1-2; 2 Rs 1.1-4); João da mesma forma (Mt 14.1-4);
(d) Mais uma vez ficara claro: João Batista “era o Elias” que havia de vir; e Jesus era o Messias.
Os intérpretes observam que havia uma preocupação dos discípulos sobre a relação do aparecimento de Elias e a manifestação do Messias. Esse fato é demonstrado na pergunta que eles fazem logo após descer o monte da transfiguração “E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem então os escribas que é mister que Elias venha primeiro?” (Mt 17.10). O fato é que a profecia referente a Elias falava de “restaurar todas as coisas” (Mt 17.11) e os discípulos não entendiam como o Messias tanto esperado pudesse morrer em um contexto de restauração. Cristo corrige esse equívoco mostrando que a cruz faz parte do plano divino para restaurar todas as coisas (Mt 17.12; Lc 9.31; F1 2.1-11).

CONCLUSÃO

Vimos, pois, que os eventos ocorridos durante a Transfiguração aconteceram para demonstrar que Jesus era de fato o Messias esperado, e que tanto a Lei, tipificada aqui em Moisés, como os Profetas, representado no texto pela figura de Elias,apontavam para a revelação máxima de Deus o Cristo, Jesus. Esses personagens tão importantes no contexto bíblico não possuem glória própria, mas irradiam a glória proveniente do Filho de Deus. Ele, sim, é o centro das Escrituras, do Universo
e de todas as coisas (Cl 1.18,19; Hb 1.3; F1 2.10,11).

Fonte : www.rbc1.com.br