terça-feira, 16 de outubro de 2012

A atualidade dos Profetas Menores




I – DEFINIÇÕES

1.1 Profecia. É a revelação inspirada, sobrenatural e única do conhecimento e da vontade de Deus. A profecia não é,necessariamente, uma previsão do futuro, mas, a revelação do conhecimento e da vontade de Deus à humanidade (Am 3.7; Jr 36.1-3; Ez 2.3-8; 3.4-11).

1.2 Profeta. A palavra profeta deriva-se do termo hebraico nabbi que significa “falar” ou “dizer”; e do termo grego prophete, que significa “falar de antemão”. Portanto, o profeta é um mensageiro de Deus. Sua principal função é tornar conhecidas as revelações divinas e transmiti-las ao povo (Êx 7.1; Nm 12.6; I Sm 3.20; Hb 1.1,2).
1.3 Profetas Orais. Foram homens chamados para o ministério profético que não deixaram registros escritos, embora que outros escreveram acerca deles e de suas profecias. Dentre eles, destacamos: Gade (I Sm 22.5); Natã (II Sm 12.1); Aías (I Rs 11.29);Semaías (I Rs 12.22); Azarias (II Cr 15.1); Hanani (II Cr 16.7); Jeú (I Rs 16.1); Jaaziel ( II Cr 20.14); Elias (I Rs 17.1); Micaías (I Rs 22.14); Eliseu (II Rs 2.1), dentre outros.
1.4 Profetas Literários. São os profetas que registraram suas profecias e compõem os 17 livros do AT que vai de Isaías a Malaquias. Cinco deles são denominados de Profetas Maiores (de Isaías a Daniel) e doze de Profetas Menores (de Oseias a Malaquias). São assim chamados, não por causa da sua importância, e sim, pelo conteúdo do livro e pela duração de seu ministério. Embora escritos
há centenas de anos antes de Cristo, a mensagem dos profetas, bem como de toda a Bíblia, é atual e necessária para a Igreja Cristã, pois, os problemas que eles enfrentaram, e os pecados que eles combateram, também ocorrem nos dias hodiernos. Eis aí a necessidade de estudarmos seus escritos e suas profecias.

II - CARACTERÍSTICAS DOS PROFETAS DO AT
Os profetas eram pessoas que falavam em nome de Deus (Dt 18.18-20; I Rs 17.24; 22.28). Também eram conhecidos como“homem de Deus” (II Rs 4.21), “servo de Deus” (Is 20.3; Dn 6.20), “atalaia” (Ez 3.17), e “mensageiro do Senhor” (Ag 1.13). Eles denunciavam as práticas pagãs e pecaminosas (Am 8.4-6) e conduziam o povo ao restabelecimento espiritual (Is 35.3). Vejamos outras características:

2.1 Eles tinham um estreito relacionamento com Deus. Por estarem em perfeita harmonia com Deus (Am 3.7), os profetas compreendiam, melhor do que qualquer outra pessoa, os propósitos divinos e, muitas vezes, tinham o mesmo sentimento de Deus (Jr 6.11; 15.16,17; 20.9).
2.2 Eram pessoas que buscavam o bem do povo. Eles advertiam o povo contra a confiança na sabedoria, riqueza, poderes humanos e falsos deuses (Jr 8.9,10; Os 10.13,14; Am 6.8). Além disso, tinham profunda sensibilidade diante do pecado e do mal (Jr 2.12,13,19; 25.3-7; Am 8.4-7; Mq 3.8); e não toleravam a crueldade, imoralidade e injustiça social (Is 32.11; Jr 6.20; 7.8-15; Am 4.1; 6.1).
2.3 Tinham um estilo de vida característico. Em sua maioria, os profetas abandonaram as atividades corriqueiras da vida para viverem exclusivamente para Deus (I Rs 17.1-6; 19.19-21). Alguns deles viviam solitários (Jr 14.17,18; 20.14-18; Am 5.10; 7.10-13; Jn cap. 3,4), sem contudo, fugir da responsabilidade para a qual foram comissionados (Ez 2.4-6; 3.8,9; 33.6-7; Mq 3.8; Jr 2.19).
2.4 Eles anunciavam eventos futuros. Muitas de suas mensagens diziam respeito a eventos futuros. Os profetas previram, por exemplo, a destruição de Samaria pela Assíria (Os 5.8-12; 9.3-7; 10.6-15); a destruição de Jerusalém pela Babilônia (Jr 19.7-15; 32.28-36; Ez 5.5-12; 21.2,24-27); a vinda do Messias (Is 7.14; 9.6,7; 22.22; Jr 23.5,6; Mq 5.2,5); e outros eventos que ainda estão para se cumprir, como a Grande Tribulação (Dn 9.24-27; Jr 30.7); a Vinda de Jesus (Zc 14.4); e o Reino do Messias (Is 11.1-16).
III – CLASSIFICAÇÃO DOS PROFETAS MENORES
Após a morte de Salomão, por volta de 931 a.C., as doze tribos se dividiram em dois Reinos, conforme Deus havia predito através do profeta Aías (I Rs 11.29-31). O Reino do Norte, que teve dez tribos, e passou a ser chamado de Israel e também de Efraim e Samaria, sendo o seu primeiro rei Jeroboão. E, o Reino do Sul, que chamou-se Judá e teve duas tribos: Judá e Benjamim, que teve como rei Roboão, filho de Salomão. Tanto o Reino do Norte como o Reino do Sul foram para o cativeiro, sendo que as dez tribos do Norte foram levadas pela Assíria para outras nações (2 Rs 17.6-24; Ed 4.2,10); e as duas tribos do Sul, que foram levadas para a Babilônia (2 Rs 24.10-17; 2 Cr 36.9,10), mas, retornaram depois de setenta anos (Ed 1.1-11; Dn 9.1,2). Por isso, os Profetas Menores podem ser classificados em três grupos. Vejamos:
3.1 Os que profetizaram antes do Cativeiro do Norte (722 a.C.): Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas e Miqueias.
3.1.1 Oseias. A profecia de Oseias foi a última tentativa de Deus em levar a Israel a arrepender-se de sua idolatria e iniquidades persistentes. Deus ordenou que Oseias tomasse uma mulher de prostituições (1.2) a fim de ilustrar a infidelidade espiritual de Israel (Os 2.2-5). O livro enfatiza que, por Israel ter desprezado o amor de Deus e sua chamada ao arrependimento, o juízo não poderia ser adiado (Os 13.13-16).
3.1.2 Joel. Ele profetizou depois de duas calamidades naturais: uma invasão de gafanhotos e uma severa seca (Jl 1.4-12) e falou acerca da iminência de uma invasão estrangeira (Jl 2.1-11). Seu propósito era tríplice:
1º) convocar o povo para uma assembleia solene (Jl 1.14; 2.15,16); 

2º) exortar o povo a arrepender-se e a voltar-se humildemente ao Senhor Deus com jejuns, choro, pesar, e clamor por sua misericórdia (Jl 2.12-17); 

3º) registrar a palavra profética ao seu povo por ocasião de seu sincero arrependimento (Jl 2.18-3.21).

3.1.3 Amós. O livro de Amós divide-se em três seções:
1ª) o profeta dirige uma mensagem de condenação à sete nações vizinhas de Israel, inclusive Judá (Am 1.3-2.16); 

2ª) ele registra três mensagens de juízos divinos (Am 3.1-6.14)

3ª) descreve cinco visões à respeito do juízo divino (Am 7.1-9.10). O livro termina com uma promessa de restauração (9.11-15).

3.1.4 Obadias. Obadias é o livro mais breve do AT e foi escrito com três propósitos específicos:
1º) revelar a ira de Deus contra os edomitas por terem se regozijado com o sofrimento de Judá na ocasião da invasão e destruição promovida pela Babilônia (Ob 1.1-14);

2º) entregar a mensagem de juízo divino contra Edom (Ob 1.15,16); e 

3º) anunciar o livramento divino para Judá (Ob 1.17-21).

3.1.5 Jonas. O tema do livro de Jonas é: a magnitude da misericórdia salvífica de Deus, e conta a história da chamada do profeta para ir à cidade de Nínive (Jn 1.1,2), e de sua atitude quanto ao chamamento divino (Jn 1.3). Este livro contém, de forma mais clara que em qualquer outro livro do AT a mensagem de que a graça salvífica de Deus é tanto para os gentios como para os judeus (Jn 4.11).

3.1.6 Miqueias. Ele foi levantado por Deus para profetizar contra os governantes corruptos, os falsos profetas, os sacerdotes ímpios, os mercadores desonestos que havia em Judá (Mq 2.2,8,9,11; 3.1-3,5,11). Além disso, Miqueias predisse a queda de Israel e de Samaria (Mq 1.6,7), bem como a de Judá e de Jerusalém (Mq 1.9-16; 3.9-12).

3.2 Os que profetizaram antes do Cativeiro do Sul (606-586 a.C.): Naum, Habacuque e Sofonias.

3.2.1 Naum. O tema do livro é a destruição de Nínive, capital da Assíria. Os três capítulos do livro consistem em três profecias distintas: uma descrição clara da natureza de Deus, especialmente sua ira, poder e justiça (Na 1.1-15); a condenação iminente de Nínive, bem como o juízo divino (Na 2.1-13); e, a descrição dos pecados de Nínive, declarando que Deus é justo no seu juízo (Na 3.1-19).

3.2.2 Habacuque. O livro de Habacuque é único no seu gênero por não ser uma profecia dirigida diretamente a Israel, e sim, em diálogos entre o profeta e Deus (Hc 1.2-2.5); contendo também “ais proféticos” (Hc 2.6-20); e um cântico profético (Hc cap. 3). Um fato interessante sobre o livro de Habacuque é que nenhum outro profeta do AT fala com tanta ênfase a respeito da fé como ele. Não
somente pela declaração que “o justo, pela fé viverá” (Hc 2.4), mas, também, o seu testemunho pessoal (Hc 3.17-19)
3.2.3 Sofonias. O objetivo de Sofonias foi advertir Judá e Jerusalém quanto ao juízo divino iminente, denominado de “o grande dia do Senhor” (Sf 1.14). Embora percebesse um castigo vindouro em escala mundial (Sf 1.2; 3.8), Sofonias focalizava, especialmente o julgamento que viria contra Judá (Sf 1.4-18; 3.1-7). Ele faz um apelo à nação para que se arrependa e busque ao Senhor, antes que o
decreto entre em vigor (Sf 2.1-3)

3.3 Os que profetizaram depois do regresso do Cativeiro do Sul (536-425 a.C.): Ageu, Zacarias e Malaquias.

3.3.1 Ageu. O propósito de Ageu era duplo: exortar Zorobabel (o governador) e Josué (o sumo-sacerdote) a mobilizarem o povo para a reedificação do templo (Ag 1.1,2); e motivar os judeus a reordenarem suas prioridades para que a obra da Casa de Deus fosse reiniciada (Ag 1.3-12). O livro contém quatro mensagens, cada uma delas introduzidas pela frase “a palavra do Senhor” (Ag 1.1; 2.1;
2.10; 2.20).
3.3.2 Zacarias. A profecia de Zacarias tinha dois propósitos principais: encorajar o remanescente judeu a persistir na construção do templo (Zc cap. 1-8); e fortalecer os judeus que, tendo concluído o templo, ficaram desanimados por não ter aparecido imediatamente o Messais (Zc cap. 9-14). O livro contém oito visões, sendo que as cinco primeiras transmitem esperança de consolação (Zc 1.7-
4.14) e as três últimas anunciam juízos (Zc 5.1-6.8).
3.3.3 Malaquias. Malaquias escreveu em uma época que os judeus repatriados enfrentavam um declínio espiritual (Ml 1.1-2.17; 3.7-18).

O livro pode ser dividido em seis partes principais:

1ª) Deus reafirma seu fiel amor a Israel (Ml 1.2-5); 

) repreende os profetas por serem infiéis (Ml 1.6-2.9);

3ª) adverte Israel por ter rompido o concerto (Ml 2.10-16); 

4ª) relembra a Israel a certeza do castigo por causa de seus pecados (Ml 2.17-3.6); 

5ª) chama o povo ao arrependimento (Ml 3.13-18);  

6ª) anuncia o “dia do Senhor” (Ml 4.1-6).

CONCLUSÃO
Os profetas eram porta-vozes de Deus e foram chamados, principalmente, em períodos de apostasia, injustiça e imoralidade. Sua principal missão era chamar o povo ao arrependimento e anunciar o juízo divino, caso o povo não se arrependesse. Esses livros foram preservados e inclusos no Cânon Sagrado por sua importância, não apenas para seus destinatários, mas, também, para os cristãos na atualidade, para que pudéssemos aprender e ser edificados através de seus escritos.

Fonte : www.rbc1.com.br

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