segunda-feira, 5 de março de 2012

A primeira Carta de João






I – A PRIMEIRA EPÍSTOLA DE JOÃO


A primeira Epístola de João é um discurso sobre os princípios doutrinários e práticos do cristianismo. A intenção evidente é refutar algumas heresias , especialmente contra aquelas que rebaixam a Deidade de Cristo (I Jo  1:1-4;2:18-28;4:1-8) a realidade e o poder de sua morte como sacrifício expiatório; também, contra o que se afirma, que os crentes não devem obedecer aos mandamentos uma vez salvos pela graça. Esta epístola também estimula a todos os que professam conhecer a Deus a que tenham comunhão com Ele ( I Jo 1:3,6,7), acreditem nele, e que andem em santidade (I Jo 2:6; 3:3), não em pecado (I Jo 2:15-17; 3:6), demonstrando que uma profissão puramente externa é nada sem a evidência de uma vida e conduta santa

II -AUTORIA DA PRIMEIRA EPÍSTOLA DE JOÃO

Cinco livros do Novo Testamento são atribuídos ao apóstolo João: O Evangelho de João, o Apocalipse e as três chamadas Epístolas de João. Não há nenhuma razão para fazer-se distinção entre o escritor do Evangelho e de I João. As semelhanças são grandes, e, por causa das semelhanças entre I João, II João e III João, pode-se afirmar que o apóstolo João, ‘(....) era o discípulo a quem Jesus amava, e que na ceia se recostara também sobre o seu peito, (Jo 21:20), filho de Zebedeu e irmão de Tiago, seja o autor do quarto Evangelho, das Epístolas Joaninas e do Apocalipse. Além disso, testemunhas do século II como Papias, Irineu, Tertuliano e Clemente de Alexandria, afirmam que esta epístola foi escrita pelo apóstolo João.

III – POSSÍVEIS DESTINATÁRIOS DA PRIMEIRA EPÍSTOLA DE JOÃO

Embora I João seja chamada uma epístola, ela nem começa nem termina como uma epístola. Tampouco tem ela a identificação usual do escritor e o nome do grupo ao qual foi enviada, e nenhuma saudação de despedida. Contudo, ela tem o sentido de uma carta pessoal, endereçada a pessoas conhecidas do autor. A natureza pessoal de I João explica o intenso interesse do autor no bem-estar de seus leitores. Esta nota pessoal indicaria que esta epístola foi escrita a um público restrito, talvez uma igreja ou grupo de igrejas sob o cuidado do autor, o apóstolo João. Seria impossível identificar igreja à qual João escreveu. Se esta é uma carta "circular", às igrejas com as quaisJoão trabalhou na Ásia Menor, possivelmente alguma declaração poderia ser sustentada acerca de uma ou mais dassete igrejas mencionadas no Apocalipse (1:11; 2:1-3:22). É possível que os baalamitas, nicolaíticas, gnósticos eseguidores de Jezabel (todos encontrados no Apocalipse) fossem representantes da heresia combatida em I João. É,portanto, entendido que I João foi escrita a uma igreja, ou grupo de igrejas, naquela área em torno de Éfeso, da qual o apóstolo João era supervisor.

IV – PROPÓSITO DA PRIMEIRA EPÍSTOLA DE JOÃO


O assunto principal desta epístola é o problema dos falsos ensinos, ou seja, advertir os leitores acerca do perigo das atividades e ensinos de homens heréticos (I Jo 4:1-5), cujo aparecimento é um sinal certo de que a "última hora" é chegada (I Jo 2:18). Por isso, o apóstolo João escreve esta epístola com três propósitos principais:

4.1 Expor e corrigir os erros doutrinários dos falsos mestres. Certas pessoas, que anteriormente conviveram com os leitores da epístola, deixaram as congregações (I Jo 2.19), mas os resultados dos falsos ensinos continuavam a distorcer o evangelho. Doutrinariamente, a sua heresia negava que Jesus é o Cristo (I Jo 2.22; 5.1) e que Jesus veio em carne (I Jo 4.2,3). Além disso, ensinavam que não era necessário a fé salvífica (I Jo 1.6; 5.4,5), a obediência aos mandamentos de Jesus (I Jo 2.3,4; 5.3) e uma vida santa, separada do pecado (I Jo 3.7-12) e do mundo (I Jo 2.15-17).

4.2 Exortar seus filhos na fé a manter uma vida santa e de comunhão com Deus. João escreveu com o propósito de fazer com que seus filhos se regozijassem (I Jo 1.4) e para que tivessem certeza da vida eterna (I Jo 5.13) mediante a fé em Jesus, o filho de Deus (I Jo 4.15; 5.3-5;12) e pela habitação interior do Espírito Santo (I Jo 2.20; 4.4,13).

4.3 Demonstrar como alguém pode saber que está na verdade. A verdadeira teologia é que Jesus é o Filho de Deus (I Jo 3:23; 5:5,10,13) e que Cristo verdadeiramente veio em carne (I Jo 4:2); a ética prática para o crente é guardar os mandamentos de Deus (I Jo 2:23) e a verdadeira comunhão é demonstrada pelo amor prático (I Jo 4:721). João resume a epístola dizendo: "Estas coisas vos escrevo, a vós que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna" (I Jo 5:13). Ele escreve aos cristãos, para certificá-los de que sua comunhão, uns com os outros, e com Deus, é segura por causa da aceitação de Jesus Cristo, o Filho de Deus.

V – VISÃO PANORÂMICA DA PRIMEIRA EPÍSTOLA DE JOÃO

A fé e a conduta estão fortemente entrelaçadas nesta carta. Os falsos mestres, aos quais João chama aqui de “anticristos” (I Jo 2.18-22), apartaram-se do ensino apostólico sobre Cristo e a vida de retidão. De modo semelhante a II Pedro e Judas, I João
refuta e condena com veemência os falsos mestres (I Jo 2.18,22,23,26; 4.1,3,5) com suas crenças e conduta destruidoras.

O apóstolo João, também nesta epístola, expõe as características da verdadeira comunhão com Deus (I Jo 1.3-2.2) e revela cinco
evidências específicas pela qual o crente poderá “saber”, com confiança e certeza, que tem a vida eterna:

5.1 A evidência da verdade apostólica a respeito de Cristo (I Jo 1.1-3; 2.21-23; 4.2,3,15; 5.1,5,10,20).
5.2 A evidência de uma fé obediente que guarda os mandamentos de Cristo (I Jo 2.3-11; 5.3,4).
5.3 A evidência de um viver santo, para comunhão com Deus (I Jo 1.6-9; 2.3-6,15-17,29; 3.1-10; 5.2,3).
5.4 A evidência do amor a Deus e aos irmãos na fé (I Jo 2.9-11; 3.10,11,14,16-18; 4.7-12,18,21).
5.5 A evidência do testemunho do Espírito Santo no crente (I Jo 2.20,27; 4.13).

João afirma, por fim, aos leitores, que a pessoa pode saber com convicção, que tem a vida eterna (I Jo 5.13) quando estas cinco evidências são manifestas na sua vida

VI – HERESIAS REFUTADAS NA PRIMEIRA EPÍSTOLA DE JOÃO

O propósito de I João é, claramente, advertir os leitores acerca do perigo dos falsos ensinos do gnosticismo,
que ensinava que Deus, sendo o bem perfeito, não poderia ter criado o mundo físico (que é mau); portanto, o
Cristo, sendo divino, não poderia ter encarnado. Estes mestres hereges haviam sido membros do grupo cristão, mas
não eram crentes reais (I Jo 2:19). Sua negação de que Jesus é o Cristo coloca-os fora da comunidade da fé e os
agrupa juntamente com os "anticristos" (I Jo 2:18,22; 4:3). Eles tinham o espírito do anticristo, e não o Espírito de
Deus (I Jo 4:1-3), e a natureza real de seus ensinos manifestam-se na negação da encarnação do Verbo (I Jo 4:3), na iniqüidade (I Jo 1:6-10) e na falta de amor (I Jo 4:7-13, 20,21). Contra estes três aspectos da heresia, João enfatiza as três marcas do cristianismo autêntico: Jesus é verdadeiramente o Cristo vindo na carne (I Jo 4:1-3; 5:5-9); obediência aos mandamentos de Deus através de Jesus Cristo (I Jo 2.3-11; 5.3,4); e, uma atitude de amor a Deus e ao próximo (I Jo 2.9-11; 3.10,11,14,16-18).

CONCLUSÃO


A Primeira Epístola de João foi escrita para nos ajudar a conhecer a realidade de Deus em nossa vida através da fé em Cristo, nos assegurar que temos a vida eterna e nos encorajar a permanecermos em comunhão com Deus, que é “luz” (I Jo 1.5) e “amor” (I Jo 4.8). Ela foi escrita por João, o “apóstolo do amor”. Por isso, o amor é mencionado com freqüência nesta carta. João era idoso e talvez fosse o único apóstolo vivo naquele momento, e, como testemunha ocular de Cristo, ele escreveu com toda autoridade para dar, aquela nova geração de crentes, segurança e certeza da vida eterna: “E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida. Estas coisas vos escrevi a vós, os que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna, e para que creiais no nome do Filho de Deus.” ( I Jo 5.11-13).

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